Acho que o ano era 2002, quartas-de-final do Campeonato Brasileiro. Fluminense e Ponte Preta no Maracanã. Não lembro o placar (se não tenho nem certeza do ano…), mas sei que o Flu se classificou no sufoco, levando pressão no finalzinho, contra uma surpreendente Ponte. E do lado oposto, camisa branca com faixa diagonal preta, um camisa nove, Washington.
Oito anos depois, Washington desvia, de cabeça, a bola que Emerson colocaria no fundo da rede do Guarani, outro time de Campinas. Só que dessa vez o camisa nove (ou 99) estava de verde, branco e grená. Ao contrário do que aconteceu no parágrafo acima, o Flu foi campeão brasileiro em 2010.
Entre esses dois fatos, o meu momento mais emocionante como torcedor. Não só como torcedor no Maracanã, ou torcedor do Fluminense apenas, mas como torcedor de futebol. O Flu vencia o São Paulo por 2 a 1 num Maraca lotado, mas o resultado classificava o time de três cores paulista para a semifinal da Libertadores de 2008. Estava na arquibancada branca e sabia que a classificação viria quando Thiago Neves (que Deus tenha piedade de sua alma) se dirigiu ao córner direito para bater o escanteio. Sabia que a bola viajaria até a cabeça do nosso camisa nove e entraria. Só não sabia que era o último lance do jogo. Só eu não sabia, pelo visto. E mesmo sabendo de tudo isso, o gol do Washington, de cabeça, aos 46 do segundo tempo, eliminando o franco favorito e levando o Flu tão longe quanto nenhum tricolor ousaria sonhar no começo daquele ano, foi o meu momento mais emocionante. Mais que o pênalti isolado por Roberto Baggio em 94, mais que o gol de barriga em 95, mais que o gol de Emerson no ano passado. Difícil que outro momento supere o daquele gol de cabeça, que no final das contas não serviu pra nada.
Apesar de tê-lo avacalhado muito mais que elogiado e de não ter cantado sua musiquinha uma única vez desde que ele voltou ao Flu, depois de nos ter trocado pelo São Paulo em 2009, é com essa lembrança que eu fico agora, na despedida de Washington do futebol. Caneludo, irregular, desequilibrado emocionalmente, mas com garra e estrela. E mesmo que tenha feito muitos e decisivos gols com a camisa do Fluminense, é por aquele momento, aquela cabeçada aos 46 do segundo tempo, numa noite de maio de 2008, que serei eternamente agradecido ao Coração Valente.