Bem-vindo, 2010

Mariano cobra lateral nos pés de Conca, que inverte quase de primeira para Everton, estreante com as três cores naquela noite. Número 7 nas costas, faixas verde e grená cortando diagonalmente a camisa branca, ele mata no peito, deixa a bola quicar uma só vez. Bate de canhota e encobre o goleiro. Vinte e três minutos do primeiro tempo. Bem-vindo, 2010.
 
Com dezessete dias de defasagem, o meu calendário particular de tricolor começou domingo à noite, com os 3 a 0 do Fluminense sobre o Americano de Campos. Nada de praia de Copacabana; a queima de fogos foi numa calçada, apertado entre outros sofredores, em frente ao bar do Seu Dodô, na Praça São Salvador.
 
Sei que hei de torcer e de sofrer até a última rodada do campeonato brasileiro, mas não posso negar: graças a Deus acabou o hiato do futebol. Chega de noticiário repleto de especulações, quem chega, quem sai, onde vai treinar, patrocinador renova ou não renova, quem será o favorito… E chega de ligar a televisão e ver “Copinha”, futebol francês, e esses desafios internacionais insuportáveis marcados pra essa época do ano. Chega de futsal, beach soccer, superligas de vôlei e  de basquete, caratê. Chega disso tudo. Barão de Coubertin que me perdoe, mas esporte mesmo é futebol. O resto é Educação Física.
 
Radicalismos à parte, finalmente voltamos a respirar o futebol que nos interessa, o que nos faz torcer por um time e contra outros tantos. O que põe amizades em riscos por alguns minutos e que desperta o lado feroz de cada um. Longe de defender porradaria nas arquibancadas. Mas quem gosta de jogo de bola sente falta de tripudiar do vizinho, menosprezar suas conquistas, comemorar suas derrotas.
 
A verdade é que o torcedor de um time de futebol sente falta daquele compromisso semanal. Daquele frio na barriga. Do desespero e da alegria. Da comunhão do esporte. De gritar nos estádios, de xingar o treinador, de exaltar um novo ídolo. De discordar das notas dadas no jornal e de achar que o comentarista na televisão não passa de um flamenguista/corintiano escroto. 
 
O futebol faz falta. Ao menos pra mim. Tem gente pra quem o ano só começa quando Momo ordenar. O meu já começou. Com um golaço do Everton.

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